Karma-yoga

hindu7

 

“O yoga da acção
Concentra-te somente na acção
e jamais nos seus frutos: não permitas
que os frutos da acção sejam o teu móbil

realiza todos os teus actos, em Yoga,
e, aos apegos renuncia…
e, na perda e no ganho, permanece o mesmo…”

(Vyassa, Bhagavad-gîta, Cântico 2, 47-48)

 

Apalavra karma deriva da raiz do verbo “kr” que simplesmente significa “fazer”, “criar” ou “acção”. Portanto, originalmente, karma referia-se a qualquer tipo de acção. Karma-yoga é literalmente o yoga da acção. Por consequência, existe uma ligação estreita entre o karma-yoga e a noção de karma presente no hinduísmo. Segundo o conceito de karma cada acção tem consequências nesta vida e também em vidas futuras. No karma-yoga a acção é uma ferramenta de trabalho. É pela acção, e mais precisamente pela acção desinteressada, que o discípulo chega á unidade com o Absoluto e portanto à libertação.

Não existe inacção no karma-yoga. Tudo é acção. É por meio da actividade que se pode desenvolver a resistência à preguiça, proteger-se dos estados psíquicos negavitos e, até mesmo, alterá-los.

O yoga da acção consiste na execução correcta do trabalho que nos é atribuido sem qualquer pensamento do seu fruto para nosso próprio ganho. A acção correcta é aquela que é guiada pela sabedoria e livre de apego. Quando uma acção é levada a cabo nesta forma, novo karma não é criado e é portanto o caminho para a libertação.

karma-yoga é a liberdade na acção ou a acção sem a motivação do ego. O karma yogi age espontaneamente, e é a espontaneidade na acção que leva ao fluxo das acções. Existe uma ´suplesse´ na forma de agir do karma yogi. É como se tudo se encaixasse no seu devido lugar devido à ausência de motivos egóicos por detrás da acção. O praticante do karma-yoga tenta desembaraçar-se do seu egoísmo, por meio da renúncia, condição sine qua non para atingir a Libertação. O meio utilizado é o trabalho, e o local de prática é a vida quotidiana, onde encontra as melhores oportunidades de aperfeiçoamento espiritual.

As grandes linhas da teoria e da prática do karma-yoga podem ser resumidas da seguinte forma: É impossível para o ser humano não agir dado que mesmo a não acção, em si, é uma acção, logo, o objectivo do Homem não deve ser a inacção. Algumas acções revestem-se de um carácter obrigatório. Não se deve desejar os frutos da acção, ter apego à acção ou considerar-se autor da mesma. Pelo trabalho feito sem egoísmo, o Homem atinge a verdadeira liberdade, objectivo da natureza humana.